o piar dos pássaros chega aos ouvidos
sorrateiro pelas falhas de granito
dissolve-se nos riscos baços de luz
não preciso passar da ombreia da porta:
lá fora o feno liberta o seu odor
entre nuvens grossas de candura
e não sei o que se esconde atrás dos vidros
e não sei onde deitar o meu corpo
e não sei o lugar que ocupo neste mapa desbotado
aqui:
demora-se a seca entre as águas
e as faces apagadas são riscadas por dedos tortos

Fotografia de António Nunes
[todas as manhãs, desertas sobre o deserto, desenham na areia o passo ventado da palavra, e prosseguem, abrindo os caminhos à luz do mundo]
ResponderEliminarum abraço, Laura
LB