esperei, esperei até que o dia se estendeu
ao longo da linha que separa o céu da terra
o dia entrava dentro da noite, a noite entrava dentro do dia
a linha ficou lá, ténue esboço, negro, silencioso
a separar o céu da terra, a apartar a terra do céu
o vento moldava os farrapos presos em mastros
escancarava as portas de casas vazias, esquecidas, frias
o vento com os seus gritos mudos, dentro da minha cabeça
de mim, a cortar as entranhas, retalhar a carne, a gelar o sangue
e aquela linha, a linha que separa o céu da terra, dos mortais queimava-me o olhar lentamente
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
Algo dentro da alma
ResponderEliminarnão se molha nem
se apaga o fogo
...
carinhoso beijo.
o tempo não existe para ser esperado, mas para ser consumido. transgressão! agressão! talvez ganhe vergonha e aprenda, também ele, a morrer.
ResponderEliminarbeijos e bom fim-de-semana, laurita!