os sonhos que se guardam
aqueles que fazem chorar
aqueles que nos deixam em claro
aqueles que deixamos cair
e aqueles que teimamos agarrar
as palavras que se aprendem
como são difíceis no primórdio
como se tornam fáceis no último sopro
como perdem o seu sentido
como ganham novos significados
e essa palavra
que vou apreendendo, dia após dia
escrevo-a com mão tremula
humedeço-a com o olhar
deixo que cresça nos gritos surdos
e estes dias cinzentos
que fogem e correm
de mim, sem mim
que se cumprem frios e solitários
entre sorrisos, verdadeiros e falsos
entre bom dia e até logo
este tempo que não me pertence
e que fora de mim
se ausenta do meu ser