Poeta
quer o poeta nuvens de sonho, altas no céu de azul
enquanto arrasta os pés no lodo dos dias,
busca os cêntimos na fenda do tempo
que passa sem piedade nas rugas do peito
bebe o poeta a água de chuva, caindo das caleiras rotas
afoga os dedos em promessas de vento
os cabelos embranquecem, a carne separa-se dos ossos
e bebe a água da chuva a alma do poeta
Fotografia de Pedro Polónio, http://club-silencio.blogspot.com/
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
por isso, na tradição literária, o poeta é de tudo um pouco: fingidor, maior do que os homens, garimpeiro, ceifeira, artífice, caminhante, génio... mas sobretudo um louco que sorri, com os olhos esbugalhados, enquanto crê que o sonho que planta um dia possa germinar. e os milagres existem (ainda que só em poesia).
ResponderEliminarbeijos, laura-amiga!
está chovendo
ResponderEliminar(desde cedo)
o dia todo
chovendo
...
são tantas almas
para um dia todo
assim, chovendo
...
beijo carinhoso.
assino o que disse o Jorge, e a tua lira entontece
ResponderEliminarbeijo