Braga, pormenor, Fotografia de Jorge Pimenta
já não sei quantas vezes
me escorreu dos dedos a tua morte.
ficava imóvel a olhar as mãos como se
em cada linha exangue adormecesse o perdão.
sei lá se deves acreditar…
os poetas vendem sempre os sonhos
que plantaram do lado de fora do coração,
mesmo que com o estore fechado.
deixa que a agulha rasgue a pele,
penetre as veias emaranhadas
jorre o sangue em golfadas
de gozo, de luxúria
até que o corpo arda em orgasmos
e se tolde a imagem em negro.
o fósforo risca a noite e acende o rosto.
tem cara feia, mau hálito e não toma banho.
falta-lhe ser homem,
aguçar o sexo
gastar a saliva na pele olorosa
onde a primavera esconde os segredos
que jasão julgou serem de ouro
[qual quê? apenas gemidos em prosa perdida].
é um poeta. um semi-homem. uma ave quase-louca.
já não sei o que te dizer
parece que todas as palavras arderam.
gastou-se a imagem em bancos de nevoeiro
e o farol queda-se em silêncio
[malditas âncoras, malditas
enrolam-se em sargaço
que vem apodrecer na praia
e o sal não te marca mais o corpo].
bocejam os poetas, esquecidos nos escolhos.
a loucura é a única certeza dos amantes.
o amor é a derradeira mentira dos poetas.
Jorge Pimenta e Laura Alberto
The Legendary Tigerman - Naked Blues
já não sei quantas vezes
me escorreu dos dedos a tua morte.
ficava imóvel a olhar as mãos como se
em cada linha exangue adormecesse o perdão.
sei lá se deves acreditar…
os poetas vendem sempre os sonhos
que plantaram do lado de fora do coração,
mesmo que com o estore fechado.
deixa que a agulha rasgue a pele,
penetre as veias emaranhadas
jorre o sangue em golfadas
de gozo, de luxúria
até que o corpo arda em orgasmos
e se tolde a imagem em negro.
o fósforo risca a noite e acende o rosto.
tem cara feia, mau hálito e não toma banho.
falta-lhe ser homem,
aguçar o sexo
gastar a saliva na pele olorosa
onde a primavera esconde os segredos
que jasão julgou serem de ouro
[qual quê? apenas gemidos em prosa perdida].
é um poeta. um semi-homem. uma ave quase-louca.
já não sei o que te dizer
parece que todas as palavras arderam.
gastou-se a imagem em bancos de nevoeiro
e o farol queda-se em silêncio
[malditas âncoras, malditas
enrolam-se em sargaço
que vem apodrecer na praia
e o sal não te marca mais o corpo].
bocejam os poetas, esquecidos nos escolhos.
a loucura é a única certeza dos amantes.
o amor é a derradeira mentira dos poetas.
Jorge Pimenta e Laura Alberto
The Legendary Tigerman - Naked Blues
loucos ou poetas?
ResponderEliminarde que lado respira a mentira?
beijos, amiga! é um gosto escrever contigo, mesmo que num exercício mediado por todas as distâncias.
É como disse lá np Jorge, Laura: um voo sincrônico, dois pássaros unos, uma beleza de poema que reflete uma profunda escuta de ambos.
ResponderEliminarBelo: parabéns!
Beijos
essa parceria me fez lembrar de uma canção de Zé Ramalho da Paraíba:
ResponderEliminarParceria é par, é divisão irmã
É mais que dois colóquios, incestos ou manhãs
É mais que dois abraços em pedras esculpidas
Estranhos confidentes ou feras escondidas
Me dá tua palavra, que eu dou-te minhas mãos
A espera transitória, efêmera paixão
Um trâmite no espelho, virou-se mais que antigo
E a imagem do desejo é a força que persigo
E os mares dormirão espectros também
E os últimos varões deixaram-se morder
A última quimera, diáfanos irmãos
A fonte nos espera, o ninho das canções
A fome dos poetas, deixemos as prisões
A saciar a sede nos cristais da criação
abraço e beijo
então lá no Jorge eu disse que essa parceria está de arrasar e merece publicação viu?
ResponderEliminarmuito prazer (estou aqui pela primeira vez)
Beijos
não me canso de vos ler, admiro-vos muito!
ResponderEliminarBeijo Laura!