acumula-se nas prateleiras, organizadamente
o pó que cai, sorrateiro, silencioso
forma montanhas íngremes de dor
assim disposto na madeira, entre
placas e placas de tempo
desenha linhas de rostos, de estradas
de corpos, tu e eu, despidos
sobre uma cama de lençóis brancos,
imóveis, frios
conheço cada um daqueles grãos de pó,
um beijo, uma carícia, um grito
recordo um a um aqueles grão de pó,
um segundo, uma tarde num dia perdido
no canto do quarto, lambo
as feridas, para que se curem
cada grão de pó despoleta uma infecção
sufoco no pó que me cobre o rosto

Fotografia Gilberto Oliveira
texto e imagem incríveis, laurita. ainda sinto a pele pegajosa a iludir a sujidade invisível...
ResponderEliminarbeijo!