XIV
enrolávamos as tardes nas pontas dos dedos,
voavam em círculos desajeitados no ar
abríamos o caminho entre raios diagonais de luz
e adivinhávamos as cores de lá de fora
adormecíamos, exaustos
para acordar, quando o frio da noite nos cobria a pele
e os nossos olhos brilhavam na penumbra
os meus olhos, os teus olhos: encontram-se
o meu corpo tem a forma das tuas mãos
a tua boca tem a forma da minha língua
a minha pele, veste a tua carne
a tua carne esconde-se na minha pele
somos: um
enrolo as tardes em espirais esquecidas
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
Laura
ResponderEliminarComo disseste "ainda estou à deriva neste texto, como se o oceano não tivesse fim", não sei se não percebeste o meu poema ou se queres dizer outra coisa.
Se for o primeiro caso, posso dar-te umas dicas...
Mas não sei qual o teu e-mail. O meu está no perfil.
Beijo.