D. Quixote
sinto que as estações escorrem,
lá fora, do outro lado do vidro da janela,
alguém atira uma pedra e é um suspiro que morre
[que queria eu?]
os sonhos secaram, presos nas costas dos gigantes
um cavalo, uma lança, um moinho
ainda que em ruínas, ainda que miragem
um moinho emproado sobre o monte
[e que monte seria?]
anda, corre meu fiel amigo,
ao teu lado
o dia galopa no dorso de mil tempestades
[quantas batalhas?]
são histórias, estas que nos contam
alguém parte um vidro
e é o vento que foge, lesto
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
os sonhos não secam, querida amiga; hibernam, à espera da estação que melhor compreenda as suas medidas.
ResponderEliminarbeijos e moinhos-de-vento!
Esse teu Quixote sobeja de fervor,
ResponderEliminarbeijo