Marítimo
sinto ainda o vento, o seu odor
quando entrelaçou os nossos cabelos
e agora,
ainda tens os pés dentro de água?
ouço os braços que se agitam
mas já não é o teu calor que me envolve
é frio que fica
a marca da ausência e eu aqui
[quisera ser pedra, rocha
dura, cinzenta, fria, húmida]
ficará:
a marca das ondas,
a espuma que seca em silêncio,
a areia dispersa nos dias longos,
virá a chuva,
lavar o sal,
arrastar as algas,
assassinar a memória que me resta
Fotografia de Gérard Castello Lopes
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
essas coisas de mar e sal me vertem a alma,
ResponderEliminarbeijo
O silêncio de uma espuma secando é uma imagem e tanto!!!
ResponderEliminarBeijos,
"O Amor, dificilmente me visitou. Amei o impossível. Eu fui eu e fui o outro"
ResponderEliminaracabo de ler isto no blogue da não-sou-eu-é-a-outra.
assassinar o quê?... há coisas que nunca chegaram a nascer e outras que não podem morrer...
um abraço marítimo!
p.s. gosto da foto. :)
Tão bonito, Laura!
ResponderEliminarcomo sempre, cheio de sal.
Beijos!