Rotina
ajeitar a almofada, pousar a cabeça
esquecer o dia, a hora, agarrar os lençóis
deixar o sonho, deixar o sono
ocupar a marca no colchão, desde sempre
e dormir
no beijo mudo da noite
acordar, num repente: o frio do quarto, a água
que corre, que cai, sobre a pele, ao longo das costas
sair ou ficar?
abrir as feridas, sorrir aos estranhos, limpar as mãos
cobrir o sonho, cobrir os paralelos
com passos céleres, desajeitados
voltar,
encontrar: paredes nuas, ar vazio,
o silêncio
olhar o reflexo em espelhos cansados
ajeitar a almofada, pousar a cabeça
e dormir
Joy Division - Atmosphere
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
após ter lido o texto, imaginei uma música ou de joy division, de the national ou de interpol. atmosphere é bárbara e como o videoclip se liga às palavras... pena estar desactivado...
ResponderEliminarum beijo, querida amiga!
ei, reconstruimo-nos sobre rotinas; somos caos sem algumas delas.
Belo poema, Laura!
ResponderEliminarAbraço.
Adorei.
ResponderEliminarBeijo Laura