sei que tenho pés:
observo as marcas que ficam na areia
para serem apagadas pela espuma amarela
sei que tenho pés:
as fragas aproximam-se vertiginosas
e a tua figura esvanece em terra
sei que tenho pés:
estão frios, engelhados, sujos
perturbam-nos as pedras afiadas
sei que tenho pés
e que o silêncio caminha
Fotografia de Pedro Polónio, http://club-silencio.blogspot.com/
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
o silencio caminha feito sombra sob a incerteza dos pés,
ResponderEliminarbeijo
O silêncio caminha bem ao nosso lado, como uma companhia, e, por diversas vezes, é bom que assim aconteça...
ResponderEliminarBeijinho, Laura!
Perspectiva subjacente. Sabedoria das extremidades. Aliás, não consigo ver (ou entreouvir) o silêncio senão como a estação final, a linha de chegada.
ResponderEliminarBeijo.
cortemos o tempo do silêncio; inauguremos a voz que deponha asas nas costas dos pés.
ResponderEliminarmercúrio! mercúrio! mercúrio!