Ao fim e ao cabo
que sensação desconfortável
invade o meu intimo, todas as entranhas
reviradas, viradas e reviradas
de baixo para cima, de cima para baixo
o fogo consome o interior, coze a pele em lume brando
[que palavras são estas?]
turvam-se os olhos,
avermelhados da raiva que nasce bem no fundo
e brota violenta pela carne quente
em fúria, em fúria senhores
e queima os vermes que se escondem
[que palavras são estas, meus senhores?
estas palavras pintadas, ornamentando
vossas frases espalhafatosas,
sim, meus senhores, serão estes os vossos pensares?]
quer o poeta escrever tudo:
o que lhe apetece
que lhe vai entre o sangue e a urina,
entre o suor e a lágrima
quer o poeta dizer:
que na sarjeta vive poema
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
As sensações reviradas, inevitavelmente. Mas poesia é isso mesmo, é expor as vísceras, esfregá-las nas rochas mais ásperas.
ResponderEliminarAbraços!
Ou pelo menos alguns dos mais intensos, autênticos e profundos entre eles!
ResponderEliminarBeijo, Laura.
ou pelo menos, aqueles em que tantas vezes nos revemos de alguma forma, como este...
ResponderEliminarBeijo Laura!
o verbo:
ResponderEliminaralquimia da falácia
ópio dos cegos
mentira dos poetas
ilusão de deus.
viva eu na sarjeta!
abraço, laura!
entre o suor e a lágrima
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