A poda
interromperam o trânsito naquela rua
de pé, o agente cruza os braços no fim das costas
o barulho das serras eléctricas
leva o serrim compacto nas massas de vento
sente-se o cheiro a madeira, nova, cortada, violada
o ramo cai com grande alvoroço, levantam-se:
todas as folhas,
todos os pedaços de madeira
todos os gritos, abafados no peito
toda a cobardia, que mora na mente dos homens
morre assim aquele ramo,
pedaço de uma árvore,
de todos os miúdos de pé descalço que brincavam nas suas raízes
mais à frente
os braços vazios de camisolas coloridas
enrolam-se em nós contrafeitos
Fotografia de Laura Alberto
interromperam o trânsito naquela rua
de pé, o agente cruza os braços no fim das costas
o barulho das serras eléctricas
leva o serrim compacto nas massas de vento
sente-se o cheiro a madeira, nova, cortada, violada
o ramo cai com grande alvoroço, levantam-se:
todas as folhas,
todos os pedaços de madeira
todos os gritos, abafados no peito
toda a cobardia, que mora na mente dos homens
morre assim aquele ramo,
pedaço de uma árvore,
de todos os miúdos de pé descalço que brincavam nas suas raízes
mais à frente
os braços vazios de camisolas coloridas
enrolam-se em nós contrafeitos
Fotografia de Laura Alberto
Laura,
ResponderEliminartenho sempre dificuldade em comentar os teus poemas, talvez porque a dor não me seja estranha e eles têm uma grande dose de sofrimento.
"mais à frente
os braços vazios de camisolas coloridas
enrolam-se em nós contrafeitos" - tens aqui uma imagem ao mesmo tempo forte, acutilante e bonita.
beijo