caminhar
e tu caminhas:
de mãos enfiadas nos bolsos
a gola do casaco puxada até ao queixo
a biqueira das botas separa a água que corre,
esmaga as pedras que se soltam
e tu caminhas
nesse teu caminhar:
chove nas feridas abertas,
esquecidas ardem cicatrizes roxas
e os cabelos grisalhos afagam-te o crânio
caminhar
e tu caminhas:
nenhuma mão te pousará no ombro,
não vale a pena virar para trás
nenhuma voz saberá ainda o teu nome
e tu caminhas:
com os sonhos enfiados nos bolsos

Sem comentários:
Enviar um comentário