Estilhaço
durante quanto tempo
corre a água sobre o peito
[será o mesmo tempo
em que te abrigas sobre as asas]
cravado na carne
o espinho do tempo
que não chegou a tempo
e sangram os ossos
quanto é o frio
que se aloja na linha da gengiva
[será o mesmo frio
em que te escondes na noite]
abre-se a boca
berra-se o hálito
aos três cantos
de um canto
The Cinematic Orchestra - Dawn
(deixo ficar esta musica especialmente para a Andy)
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
Laura,
ResponderEliminarmuito obg pela música, soa-me tão bem para pano de fundo da minha Lua.
...e os ossos sangram à espera do tempo.
ResponderEliminarBeijinho Laura!
vejo uma idealização permanente e premente do tempo nesta nova fase, laura. que não se torne sacralização, pois o tempo é fluir, devir e porvir; jamais instrumento de tortura.
ResponderEliminarum beijo!