Caruncho
bem me queria parecer:
que no vento escreveu-se o nome,
o teu nome
que na chuva beijaram-se os lábios,
os meus lábios
que no mar fugiram os braços
os teus braços
resta todo o bolor
Fotografia de Laura Alberto
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
nem toda a chuva, nem todo o vento, nem todo o mar se esgotam no cinzentismo dos primeiros dias de outono ou na mais violenta tempestade do inverno... há tanto que resta para lá disso...
ResponderEliminarum beijo!
Não é mera impressão: todos os nomes são escritos no vento. Talvez os nomes estejam para o vento como aqueles contrastes usados no exames radiológicos: tornam mais visível a fuga de todas as coisas.
ResponderEliminarEssas suas fotografias são muito boas. Era de se esperar que focassem a desolação, os esfacelamento da memória na face do concreto. Banheiros e sanitários, então,são espaços de ocultação de uma natureza que nem sempre estamos dispostos a admitir; quando abandonados ou destruídos ganham uma eloquência terrível a revelar a nossa fragilidade.
Um beijo.