Ter e não ter
Tens um quarto cheio, cidadão.
Tens o pincel com que o pintas, cidadão.
Tens o ar em que te afogas, cidadão.
Tens a água que te desliga, cidadão.
Cidadão, tens o quarto vazio de nós.
Tenho eu o serrote, cidadão
Marcantonio, Melancolia 36, Técnica Mista, 81×156 cm Rio de Janeiro, 2006
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
incrível a despessoalização do objecto da tua poesia... o "tu" já é apenas o cidadão, um ser com meros direitos e deveres sociais... até onde mais nos levas, laurita?
ResponderEliminarum abraço!
Este cidadão é apenas um código de barras e tu bem o sabes porquê!
ResponderEliminarBeijo, amigo!