pausada(mente)
está na hora de dormir,
cobrir o corpo com o gelo dos dedos,
inspirar o ar insano do quarto,
é chegada a hora de dormir
tombar os ossos no soalho envelhecido,
embalar-se no ranger dos dentes,
(lava os dentes e vai para a cama)
dormir finalmente,
ainda que entre as traças do destino,
dormir para acordar, sorrateiramente
Fotografia de Ed Van Der Elsken
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
e assim se permanece, no limbo da semi-inconsciência onde o sono é talvez o menor de todos os males...
ResponderEliminarum beijinho, amiga!
Sempre tão densos os seus poemas! "Embalar-se no ranger dos dentes", que imagem fantástica, a canção de ninar do bruxismo! Bom demais.
ResponderEliminarObrigado, Laura, pela visita.
Beijo.