não há barcos para Ítaca
naufragados estão na orla dos sonhos
ao longe já não se ouvem
as trompas emudecidas sob a ameaça
de noites sem fim
sei bem que me escreveste
sobre as lutas em terras distantes
mandando entregar os papeis
que nunca vi, que nunca saberia ler
imagino que das tuas mãos
a ira se tenha erguido
e nelas sucumbiram
os gigantes de água, os gigantes de pedra
mas esta fantasia todos
ludibriou
enquanto por ti rezavam
e pela tua chegada aguardavam
não, eu não acredito
em meias palavras
em meios feitos
em finais de encantar
os labirintos medi-os
um a um
sem nunca me enganar
já não cruzo os braços
à espera de uma faúlha que seja
agito as mãos, abro a boca
e sei finalmente como respirar
a cidade está escura, talvez sempre assim tenha sido
em silêncio rasgo a manta
que outrora não teria remate
não, esta não é a nossa história
é apenas o esboço de ninguém
Fotografia de Pedro Polónio, http://club-silencio.blogspot.pt/
Já não existem Ítacas! Seu mapa foi colocado numa garrafa que se perdeu em alto mar. Restaram os gigantes de pedra e os fantasmas de
ResponderEliminarnossa imaginação para atormentar nossos dias :)
beijoss
eu nunca encontro palavras para o assombro, contento-me em fitar o espanto,
ResponderEliminarbeijo
O esboço esboça os contornos de um céu que se reflete no mar e nos olhos daquele olha para si à deriva daquilo que lhe faz encantar.
ResponderEliminarBjos!
PS: Ao ler o seu texto, somado eo meu comentário, me remeteu ao filme "Life of Pi", que, de uma bela maneira, simboliza o sentido da vida diante daquilo que temos dentro nós. Não sei se já viu o filme, mas recomendo!
sinto-me igual ao Assis!!
ResponderEliminarNão deixo de te ler!
Beijo!
Querida Laura
ResponderEliminarAssis de Freitas disse a medida exata do que senti ao ler este poema.
Palavras que soltam fagulhas para voltar a ler.
Bjs.
este calou até o meu recanto mais profundo
ResponderEliminar(vou dormir assim, com esta sensação de que a mão do poema adentrou meu peito e se alojou). volto em breve :)
beijo