Agora durmo tranquila de noite, o
seu bafo tornou-se inexistente. O seu murmúrio calou-se, sufocado em soluços.
Já não consigo ver a cidade, ouvi-la,
sentir o seu odor. Tenho quase a certeza que se a observasse agora, como
outrora, nua e estendida diante dos meus olhos, já não a reconhecia. Talvez
seja esse o motivo que me obriga a manter as cortinas corridas, os estores
fechados.
Se a visse agora, nem saberia que
a via.
Agora tudo, tudo é apenas mera
palavra, escrita com o alfabeto que me ensinaram, mas apenas uma sequência
vazia de letras e vogais.
[o vazio está aí, caminha para
aqui]
Já não tenho medo: do tempo, do
dia, da noite, da enfermidade, de ter fome, de ter sede, do ontem, do amanhã,
do hoje.
Já não tenho medo de nada, tenho
só medo de mim.
Fotografia de Man Ray, Venus Restaure, 1936
[penso que agora consegui eliminar a verificação de palavras, PENSO! depois digam-me se o consegui ou não, obrigada a todos]
ResponderEliminar" Homem lobo do próprio homem".
ResponderEliminarPor vezes também me assusto comigo mesma, mas depois abro os olhos , vejo os meus filhos e a cor volta à vida.
Já não há palavrinhas !!!!
Beijoca
Laurinha,
ResponderEliminarsomos todos fera escondida, não é mesmo?
Em constante purgatório de nós...
Beijinhos!
Laurinha,
ResponderEliminarok! Sem as letras de verificação!
Beijos
Sabe, Laura, acho que dormir tranquila(o) é um privilégio.
ResponderEliminarJá ouvi de um combatente camarada aqui nestas bandas que não conseguia dormir com os ruídos de fora e não falava dos ruídos urbanos, mas dos humanos.
e diante de momentos as palavras são mesmo uma sequência vazia
e os olhos se fecham e abrem e outras reações expulsam os medos e não tememos mais a fome, o dia, o tempo...
fico aqui lendo a última frase e olhando a foto
beijos, querida Laura
Sabe, Laura, acho que dormir tranquila(o) é um privilégio.
ResponderEliminarJá ouvi de um combatente camarada aqui nestas bandas que não conseguia dormir com os ruídos de fora e não falava dos ruídos urbanos, mas dos humanos.
e diante de momentos as palavras são mesmo uma sequência vazia
e os olhos se fecham e abrem e outras reações expulsam os medos e não tememos mais a fome, o dia, o tempo...
fico aqui lendo a última frase e olhando a foto
beijos, querida Laura
Laura querida, vesti teu poema e me coube exato. Há em mim um criminosa que me mata, sempre.
ResponderEliminarBj imenso
Aquela imagem ganhei de presente de um amigo, que me pediu um poema. Levei uma semana para escrevê-lo, de tão aterrorizada com a imagem, mas tb seduzida.
Laurinha,
ResponderEliminarnem te preocupes em comentar lá no Humoremconto. Aqui também estou com tempo para quase nada, o que me ajuda, se posso dizer assim, é minha insônia, que permite que eu visite os blogs que gosto pela madrugada!
Beijos e ótimos dias!
Obrigada.
Esta veste que fizestes, cabe-me como luva.
ResponderEliminarBelíssimo, Lauríssima!
Beijos
Mirze
algoz do próprio silêncio,
ResponderEliminarbeijo
Laura
ResponderEliminarA gente sempre se sente assim.
Quando conseguimos expurgar o barulho urbano, vemos fantasmas
de nós mesmos.
Bjs
laura,
ResponderEliminarquando fechamos os olhos, deixamos de ver, mas nem por isso conseguimos deixar de ser vistos...
beijinho!
Gostei da tua poesia .../
ResponderEliminaré sublime como existe naturalidade na sua maneira de expressar, muito embora a dor e o medo lhe sejam as maiores opções.
ResponderEliminaré possível senti-la, Laura, suspirando e balbuciando cada uma de suas palavras, mesmo que a leitura seja a única alternativa para saber de seus preceitos e declarações.
mas saiba que no medo de si mesmo repousa a alma que quer viver, sempre e sempre.
grande abraço.
O tempo cura o medo...
ResponderEliminarGostei de descobrir este blog, vou voltar... :)