Tendinites I
vamo-nos suicidar e vimos já
um saltinho e estamos do lado de cá
a porta ficará entreaberta ao arrependimento
deixemos o batente cair por terra, na terra
e o som como um ser vivo escorregar pelas paredes
dispamos o pó que trazemos
e queimemos a pele com a violência de um cigarro
beba-se o vinho da comemoração
quebrem-se os ossos, apodreçam as gengivas
morramos tu e eu, de mãos dadas apesar da dor
estamos profundamente loucos, que fazemos a seguir?
Laura Alberto / João Miguel Ferreira
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
textaço, menina!
ResponderEliminarvim cá espreitar, com expectativa, a parceria que acabas de editar. pois, digo-te: a harmonia é a nota que percorre todo o texto, mesmo que entre queimaduras de cigarro, votos de sangue e urnas sem fogo... adorei!
parabéns a ambos!
um abraço!
Laura e João. Loucos de pedra, como o são os grandes poetas. Uma poesia expressiva que versa a liberdade dos grilhões da razão para o verdadeiro sentido de SER vivo.
ResponderEliminarParabéns, Laura. Parabéns, João.
Abraços!