A arte de retalhar
sobre a bandeja de prata,
a carne vermelha,
à espera
afiem a faca, Senhores,
ansiosa por retalhar,
os pedaços encomendados,
goteja timidamente o sangue
pelas tábuas de madeira,
longo
Senhores, aproximem-se,
escutem o tambor clamando,
o derradeiro
sorve-se o odor a ferro
entre linhas de humidade
cansadas
levantem-se Senhores,
dos vossos pesados cadeirões,
ela aguarda calmamente, à vossa espera
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
não sei se a intenção estava orientada para o plano político, mas serve-lhe que nem uma luva... ou melhor, que nem carne à mesa.
ResponderEliminarum abraço!
Jorge, aqui eu deixei que o poema se escrevesse, saisse, sem pensar, o eterno vira e bota!
ResponderEliminarBeijos