I
dizem que o tempo
não espera por mim,
por ninguém
II
toma as precauções
necessárias
não se sabe quando ela chega
III
mas essas folhas
ainda não
foram por mim viradas
IV
enganada
confio
que os dias não passam
V
iludida
acredito
que amanhã será diferente
VI
velocidade vertiginosa
passo
sem saber olhar, minto
VII
lá vai o pastor
com o seu escasso
rebanho, incomum
VIII
ajeito as costas
olho em frente
o horizonte quer-se distante
IX
o mesmo homem
à mesma hora
sem os mesmos sonhos
X
alguém que passa
saúdam-se
e o céu precipita-se em mim
XI
miúdo novo
de cajado na mão
mais um guardador de rebanhos
XII
de quando em vez
um acidente
um cadáver de um animal que ninguém quer
XIII
a linha termina aqui
posso respirar
e o tempo vai passando, para mim
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