Saberemos cada vez menos
O que é um ser humano.
Livro das previsões
que conheço eu
da imagem que me olha
quando conto as rugas
num qualquer espelho
as roupas que trago
escolhi-as eu
e agora são me largas
e outras são-me apertadas
já não sei quem vejo
quem procuro em gavetas
vazias de sonhos
os riscos que fiz
as palavras que disse
as palavras que por dizer
foram ficando esquecidas
os outros reconhecem-me
o meu corpo, o meu rosto
dizem o meu nome
e saúdam-me com um caloroso sorriso
que sou eu ainda
caminho em terrenos inóspitos
em vertigem sobre mim
os fios cortei-os há muito
e agora é deles que preciso
esta espiral aperta-se
ao menos que o ar teimasse em falhar
morrer não me custa
viver é que se torna doloroso
que viva está esse poder de nos assombrar, tua escrita
ResponderEliminarum grande beijo, minha poeta imensa
E, no entanto, a dignidade está em viver, em enfrentar aquilo de que não gostamos. A felicidade não está aqui ou ali, nunca estará, mas não podemos perder a capacidade de lhe inventar, continuamente, um qualquer vestígio, ainda que mínimo.
ResponderEliminarBeijo :)
Viver não custa, o que custa é saber viver...
ResponderEliminarDigo eu, que de viver só tenho a experiência de uma vida...
Apesar de sombrio, gostei do poema. É excelente, de resto.
Laura, minha querida amiga, tem um bom resto de domingo e uma boa semana.
Beijos.
Pungente e verdadeiro! Aliás, como tudo que você escreve.
ResponderEliminarBjos