Estrada nacional
105
alguém lhe tirou
as medidas
altura, largura
ombros, pés
provável rosto desfeito,
cicatrizes incontáveis
e naquele entroncamento
plantam-se
flores de plástico
acendem-se velas
todas as semanas
a recordação incessante
do que se perdeu
amanhã ou depois
mando gravar o
teu nome no passeio
mando apagar a
borracha que marca o asfalto
amanhã ou
depois: passo sem te ver
mas as flores
continuam lá
as velas são
substituídas
o tempo teima em
não passar
pelo menos para
ti
Instantes que são permanência, retratos que condicionam todo o porvir. Com rasto doloroso.
ResponderEliminarBeijo :)
Em tantas estradas as flores proliferam. Em estradas demais.
ResponderEliminarMuito bom, Raquel!
Beijo
porque nem tudo se apaga, ainda que se rasgue o asfalto...
ResponderEliminarsaudades de te ler, e dessa sensação de ser atingida em cheio pela densidade das palavras.
beijinhos!!
amanhã ou depois ou quem sabe num último mergulho no ar,
ResponderEliminarbeijo
Depois de tudo pesado, tudo milimetricamente calculado, restaram as entranhas, intocadas e vivas!!!
ResponderEliminarbjim :)
Tem gente que aprisiona o relógio dentro de si.
ResponderEliminarE será que a felicidade pode ser encontrada dessa forma? Tenho minhas dúvidas. Meu abraço.
ResponderEliminarAo ler o poema lembrei-me daqueles sítios nas estradas enfeitados com círios e flores, às vezes uma cruz, onde ocorreu um acidente e morreu alguém e depois chamam esses sítios de acidentes e dedicam-nos à alma do morto...
ResponderEliminarOs nomes ficam gravados no coração de quem fica, ainda que não no passeio...
ResponderEliminarExcelente e intenso, como me habituaste!
Beijo
há lugares que perduram ainda que suavizem com as linhas do tempo...
ResponderEliminarabraço de saudades, Laura!
Laurinha,
ResponderEliminarvim deixar um beijão de sorte e sabes por que, mesmo que demores para ler este. Estou ansiosa!
Beijos nos dois!
Existem coisas que o tempo não desfaz...
ResponderEliminarUma estrada personificada que apaga pessoas que por ela passam. Belo texto! Adorei.
ResponderEliminarBjos
Laura
ResponderEliminarEsta polaroid é um encanto. Ainda que com rostos apagados as flores continuam lá.
bjs.