Como foi que aqui
vim parar? O abismo escuro apoderou-se da minha mente. Busco os momentos, os
passos, os caminhos e apenas encontro mãos vazias, o nada que me enche as mãos.
Não sei em que
acreditar. Em ti não acredito. Em mim, sou obrigada a acreditar.
Porra, mas como foi
que aqui vim parar?
Não bebi, não bebo.
Não fumei, não
fumo, já não fumo.
Não abusei, não
abuso.
Não vivi, não vivo.
Uma réstia de
esperança no tampo imundo de uma mesa. Dobrar de esquinas confusas, ruas sem
nome, ruas sem ninguém.
Não sei como aqui
vim parar, mas talvez saiba como daqui sair. Sem estar sentada em cima do meu
rosto.
Decisão tardia, no
instante certo.
Esta foi a história
possível, a que se escondia na tinta que hoje seca, perene. Talvez volte,
talvez de mim se fale. Ou talvez ninguém me reconheça mais. Não importa, não me
interessa: reconheço-me do outro lado de mim, do outro lado do espelho.
Todas as vidas
encerram mortes anunciadas, uma morte apenas. E os nascimentos escondem mortes
sibiladas.
Fotografia Laura Alberto
Estamos sempre em trânsito buscando uma identidade para justificar, quem sabe, nossa existência !?
ResponderEliminarbeijoss :)
São os nossos fantasmas que nos conduziram aqui!
ResponderEliminar;-)
Beijinho, querida Raquel!
como eu não sei, mas há de existir uma ponte, uma passagem, um elo entre tantos nadas, nesta vida ou morte
ResponderEliminarbeijo
Estou certa de que sabes como sair...!
ResponderEliminarBeijo
quando ações se aposentam verbos, escrever é o caminho!! assim se vive... ainda!
ResponderEliminarbeijo, amiga poeta!
entrar é tão fácil, eu quero saber onde fica a saída, talvez a ache com os olhos cerrados.
ResponderEliminarque furacão tens nos dedos, heim!
bj, minha poeta tão querida
Há vida dentro de ti.
ResponderEliminarQue te eternizará...
E Março está aí de braços abertos à vida.
Laura, minha querida amiga, tem um bom domingo e uma boa semana.
Beijo.
ResponderEliminarÀs vezes a gente se pergunta: o que é, onde é AQUI? rs Eu gostei muito das mortes sibiladas.
Beijos,
A vida tem esquinas, becos escuros, contentores em desalinho, mas também tem árvores, veredas, flores, cotovias...
ResponderEliminarOnde estará o fio condutor? E o fio de Ariadne vai-se desenrolando, desenrolando, sem nunca se vislumbrar o fim...
Beijo :)
reconhecer-se do outro lado do espelho é aprender a se virar do avesso, e do avesso do avesso, quantas vezes for precioso, por tantas mortes quantas experienciemos
ResponderEliminare delas renascemos, e renascemos...
mas o espelho nunca haverá de mostrar a mesma face.
não sei se há um fim, e isto às vezes me angustia.
adorei o texto. beijinhos
Em "Alice do outro lado do espelho" há um mundo de acontecimentos loucos que Alice vive com candura. Certamente que ao veres-te do outro lado do espelho, és como Alice.
ResponderEliminarBeijinho.
Em quantas vidas encerram mortes anunciadas? E os nascimentos escondem mortes sibiladas. Versos que me levam a reflexão. Que voltemos com o sibilar do vento mareando campos só de flores, flores, flores.
ResponderEliminarLindos dias para você.
Beijos.