apanho a roupa jogada ao acaso
pelo chão do quarto,
do outro lado o teu olhar negro fita-me
sobrancelhas em arco, carregadas de aparente calma
reconheço os teus lábios grossos
que tantas vezes percorreram o meu corpo arrepiado,
sinto o arranhar da tua barba no ventre
caminho com passos perdidos
fintando os detritos da última noite
apoiada nas paredes de cor esquecida
entre o pó e o tempo
acumulado no canto do quarto
pressinto o mexer das rugas na tua testa
eu disse que te amava
isto, isto é só fazer de conta
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
Bom vir aqui e conhecer melhor teu universo, já visto pouco no blog do Jorge, na parceria afinada.
ResponderEliminarObrigada pela visita e volte sempre.
bj
mesmo no faz de conta... há sempre algo que conta. pensar é contrário é não querer ver...
ResponderEliminarbeijinho, laura amiga!
Laura,
ResponderEliminarpalavras que voam sem asas
esmorecem com as hélices empoeiradas.
Pálidas,com rouquidão, tentam movimento:
pensam que voam até que caem.
Sem asas, destino certo é o chão.
Agradeço tua visita.
Aprecio muito tua poesia, assim como as tuas parcerias com o amigo Jorge Pimenta. Parcerias essas que tenho especial admiração.
Estive conhecendo teu espaço agora, sem ter muito tempo, li e comentei estes três últimos. Com mais calma retorno aos poucos.
Beijos!
Isso, faz de conta, e É. Poema sentido, Laura!
ResponderEliminarBeijos,