I
tirei estas asas etéreas que me dobram o corpo
abandonei-as no chão do teu quarto, esperando
que lhes cuspisses
que as pisasses
que as queimasses
sinto-me um nada, aqui abandonada no teu quarto
prostrada nos teus lençóis
nua para ti, nua de mim
sei que os dias se seguem, assim como as noites
nada importa, já nada importa
algo me diz que ainda me resta tempo, ainda resto eu
se aqui me sinto morta
na tua carne, na tua respiração ofegante
sinto-me renascer
rasguem-se as entranhas, faça-se correr o sangue
grite-se aos quatro cantos, a dor e o desejo
aqui me tens, tua: viva e morta
Fotografia de Laura Alberto |
Lindo Laura, já tinha saudades de te ler.
ResponderEliminarBeijinho
...
ResponderEliminarUm imenso abraço, Laura!
Saudade...