I
tardes sombrias estendem-se pela janela
as perguntas saltam em queda
até à hora da morte quantas vidas lá cabem?
II
os homens uivam na escuridão da noite
arrastam as sobras do banquete de ontem
mas esqueceram os túmulos dos seus antepassados
III
uma mosca pousa-me no braço
ginástica acelerada com as patas dianteiras
de que lado é que me observa?
IV
até à hora de dormir
são muitas as peles que arrasto
ignoro as que deixo sobre o chão do quarto
Fotografia de Pedro Polónio, http://club-silencio.blogspot.pt/
estar-se assim debruçada sobre a imensidão da própria alma revelam-se tantos segredos e as perguntas são pérolas na boca de oráculo
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beijo carinhoso.
São tantas peles, tantas feridas, tantas mortes para um tão curto existir...!
ResponderEliminarbeijoss
P.S.: os teus comentários no 'cirandeira' foram publicados sem nenhum problema :)
assaltos noturnos...
ResponderEliminarcomo os tenho!
beijinho, minha amiga poeta!
Até a hora de dormir, são intermináveis tecidos nossos espalhados pelas lembranças.
ResponderEliminarBeijo!
Laurinha,
ResponderEliminaras peles como múltiplos pensamentos e desassossegos, partes de nós, restos a serem colados.
Beijos e ótimo fim de semana!
Obrigada pelos comentários lindos por lá!
fico te lendo, te lendo, como se estivesses saltitando dentro do poema e sei que são só as palavras em ebulição, mas te vejo, te vejo
ResponderEliminarbeijo
Tantos pensamentos assaltam o teu interior nocturno, gosto de todos eles, especialmente do último: as peles que se ignoram no chão do quarto são talvez as mais difíceis de despir...
ResponderEliminarBeijos
a morte quanto mais celebrada mais presente.
ResponderEliminartúmulos são memórias.
eu quero ser cremada e esquecida.
beijoss
"até à hora de dormir
ResponderEliminarsão muitas as peles que arrasto
ignoro as que deixo sobre o chão do quarto"
Adorei isso por ser tão verdadeiro.
Bjos
Assaltos interiores que urgem ser feitos.
ResponderEliminarFico sem palavras quando te leio. És muito boa. Mesmo. E eu sinto-me pequenina, pequenina....
Beijão
"até à hora da morte quantas vidas lá cabem?"...
ResponderEliminarBelíssima pergunta!
há muito ela não chora. foi antes de ter o vestido violado por folhas. suaves folhas.
ResponderEliminarAté o final da vida, quantas mortes ainda tenho?
ResponderEliminarUm poema que é um conjunto de poemas.
ResponderEliminarMas cuja qualidade é inquestionável.
Gostei muito, achei o teu poema excelente.
Beijo, querida amiga.
Saudações, querida Laura
ResponderEliminara densidade da sua escrita me deixa com a respiração suspensa
e incríveis as imagens/fotografias que você coloca do Pedro.
Parabéns a vocês!
beijo grande
Ola Laura!
ResponderEliminarLhe descobri através do blog do Nilson Barcelli. Adorei seus textos e músicas. Estou a seguir.
Beijo carinhoso! Milton!
Já perdi as contas das vidas mortas!
ResponderEliminarNotas inquietantes que te mostram... que me mostram... que mostram...
bj imenso, poeta queridona
há um uivar noturno em cada pedaço de pele-escama que nos cai; do outro lado da metamorfose, alvoradas de folhas inatingíveis, porque de aquém-dor e além-sonho.
ResponderEliminarbeijo, amiga minha!
o quarto, pra mim, é como o Raduan escreveu no Lavoura, uma catedral.
ResponderEliminare nele que me refaço da pele despedaçada.
e nele que ela se transforma em letra, sílaba, palavra.
o quarto é quase um poema, inquieto e denso como costumam ser os seus.
bonito, Laura. bonito.
beijos
Lelena
De tantas sombras na escuridão, gostei mais da primeira nota.
ResponderEliminarBjs.