respondo a
um acenar de braço do outro lado da rua
busco o
sorriso mil vezes ensaiado de fronte do espelho
e falo, mantenho
um dialogo simpático e afável
ah, maldito
tempo que me atraiçoas
forçando-me
a um papel que me cansa
desejo um rápido
aperto de mão, os dois beijinhos de praxe
por que não
se esquece o tempo de mim?
Por que
teima em marcar as suas passadas na minha mente exausta?
Por que não
me deixa esquecer de mim?
só quero
atravessar a rua, para o meu lado do passeio
só quero
saber esquecer-me de mim
[todas as
palavras, todos os gestos, todos os gritos, todos os silêncios, todas as inacções,
todas as partidas, todos os regressos, todas as vozes, todas as carícias, tudo
é apenas nada]
toda a
maldição de uma vida vazia
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande, é a sua sensibilidade sem tamanho.
ResponderEliminar(Martha Medeiros)
Cumprimentos
Só é possível chegar do outro lado da rua atravessando-a. E essa travessia pode ser difícil. É preciso ir com cautela e muita observação. E isso você parece já ter bastante!
ResponderEliminarBjos
Para chegar do outro lado da rua, é preciso atravessá-la. E essa travessia pode ser difícil, mas também pode ser fácil. É preciso ter cautela, paciência e uma boa observação, tanto do que se passa na rua quanto o que se passa no seu coração.
ResponderEliminarBjos
"desejo um rápido aperto de mão, os dois beijinhos de praxe"... é isso, sim, por vezes deseja-se o anonimato, o passar por entre as gotas da chuva... ou do tempo!
ResponderEliminarIntenso e verdadeiro, gostei muito.
Beijos
é insatisfação a que chamamos vazio... vazio só existe em quem não tem voz transbordante... e a tua chega até aqui!!
ResponderEliminarBeijinho, amiga poeta!
Há qualquer coisa enigmática em quem não tem tempo para nada e se queixa da vida vazia... Palpita-me que seja o desconhecimento de um princípio deveras simples: quem aprende a ser feliz com o que tem, ainda que não deixe de querer mais e melhor, é mesmo feliz.
ResponderEliminarPorque toda a gente tem dificuldade de atravessar as ruas para o outro lado, excepto aqueles que, fraudulentamente, fazem com que o outro lado da rua venha até eles...
A tua sorte é que eu sou psicólogo, sociólogo e outras coisas mais (até padre, de vez em quando, embora agnóstico) e dou-te estes conselhos poéticos de graça... e não treines o teu sorriso à frente do espelho... ouve o que ele tem para te dizer...
Laura, querida amiga, desejo que tenhas uma boa semana.
Beijo.
"Forçando-me a um papel que me cansa"
ResponderEliminarQue delícia ler você... e por vezes eu só queria ser aquela borra de café disforme no fundo da pia... Suas palavras me marcam.
Beijo!
a rua, as vezes, se torna um verdadeiro Saara, quando só o que queremos é atravessá-la sem ser vista.
ResponderEliminarBj grande, minha poetamiga
esse vazio que te cansa
ResponderEliminarvaza de ti tanto encanto
...
beijo carinhoso.
Laura, o tempo é uma pele. Só nos deixa quando apodrece.
ResponderEliminarBeijos, menina talentosa!!
as vezes também desejava ser pedra e não ter que sentir...poema que expressa o conflito de ter que sentir e ser alguém - e que poema!
ResponderEliminarbeijos
Observa-se o alvo e aprende-se a lidar com o que há entre o ser e o querer. É a vida que requer força, mais vida e ousadia!
ResponderEliminarAdorei.
Laurinha,
ResponderEliminarno mínimo instigante!
Não existe um 'nada' quando já somos um pedaços, mesmo que em pedaços.
Beijos!
Laura, és tudo menos vazio!
ResponderEliminarGostei muito do poema! Mesmo!
Beijo (um só, não são os dois da praxe!)
O nada talvez pode se tornar tudo. Tente atravessar a rua com longas passadas sem querer esquecer quem tu és.
ResponderEliminarUm assombro. Adorei.
Bjs.