“As ruínas são perigosas, …, debaixo delas algo ainda se mexe.” Gonçalo M. Tavares
I
se acreditar nas vozes
se realmente as vozes existirem
então devo preparar as vestes finais
II
ruídos abafados que rodeiam o cérebro
martelo pneumático
que teima em visitas nocturnas
III
rastejo pela lâmina afiada
da tua língua bífida
a fundura do silêncio penetra nas entranhas desesperadas
IV
querer ou não querer
o barulho oculto de verme
rastejando ao longo das paredes
V
não querer ou querer
quedas abafadas sobre o chão
de novo se erguem os vermes viciados
VI
lábios arqueados:
dentes e enxofre no hálito
e estes silêncios que não se calam
VII
a continuidade da ruína
estendida diante dos pés
procuro a salvação na surdez
quero a perdição
ResponderEliminara perdição a que leva
a escolha certa
das palavras...
maravilhoso, Laurinha!!
beijinho!!
Viagens íntimas com cenários sui-generis, com a coragem de tentar enfrentar o limbo olhos nos olhos.
ResponderEliminarBeijo :)
a procura em tantos mundos, cansada de temer,
ResponderEliminarque depois de pesares as palavras
passo as mãos da leveza nelas
oblituosas
caminho em dois passos: oblituosos
Certos silêncios são tão gritantes que às vezes paralisam
ResponderEliminartodos os nossos sentidos!!!
beijosss
Talvez a salvação esteja sim numa surdez voltada para o mundo externo para que seja possível ouvir melhor as vozes pronunciadas pelo nosso silêncio interno. Só precisamos filtrar para que possamos nos infiltrar nas nossas sensações.
ResponderEliminarBjos!
E adorei a referência do áudio de telemarketing, que é justamente um atendimento completamente surdo.
Laurinha,
ResponderEliminaro isolamento da surdez me parece uma dádiva em determinados momentos da vida.
Beijos!
Querer ou não querer o verme? Não há alternativa
ResponderEliminarAmo os silêncios e os coleciono nos dias. Acho que me convém a voz do próprio peito.
bj renovado, poeta de maravilhas
Ruídos inquietantes a martelar o cérebro.Difícil aquietar-se com a surdez.
ResponderEliminarbjs