Uma cortina desce pesarosamente, tingindo o meu olhar com a sua cor: cor de sangue, cor de sonhos abatidos um a um, cor de lágrimas secas dentro dos olhos, cor dos abortos do tempo, cor do dia que se acerca da porta.
É inútil ignorar e fugir seria uma atitude mentecapta.
O amanhã foi minuciosamente traçado ao longo de todos os dias que o antecederam. Cada passo foi sempre dado para alcançar o dia de amanhã. Que sei eu ainda? E fugir? Fugir para onde?
Há uma bala guardada, algures, com o meu nome gravado.
A sua escrita me acerta em cheio, como essa bala. Me identifico tanto com o que escreves, como se fosse para mim, como se eu houvesse escrito. É tão bom nos ler em alguém, pq há aquela sensação de conforto, mesmo no caos que certos poemas representam. É como uma mão estendida, para aturarmos juntos o tufão.
ResponderEliminarBeijo grande, flor.
Laurinha,
ResponderEliminaralguns passos não conseguem definir o amanhã, eles próprios são o amanhã à espera da bala guardada com o nome certo.
Lindo teus 'purgatorium'!
Adoro essa série!
Beijinhos e ótima semana!
meus olhos se cobriram com o pano da verdade, Laurinha... quase mortalha!
ResponderEliminarBeijinho, querida!
O corpo persegue a bala, assim, não há fuga para o hoje, nem para o amanhã.
ResponderEliminarSou tua fãzoca!!!!
Bj gigante
[ainda assim, ficam guardadas as balas de prata, e o quanto me seriam gratos se pudessem ser meus e não do Sérgio Godinho, estes para aqui deixar, do Tantas Vezes Fui à Guerra:
ResponderEliminar«Só me rendo, quando muito
quando a morte me atingir
a minha bandeira branca
é o lençol que me cobrir
Nem aos deuses nem à morte
peço perdão do que fiz
já suporto bem a dor
já só quero é ser feliz.»
... e ainda assim os deixo.]
como a esse imenso abraço, Laura
Leonardo B.
E se estiveres enganada?
ResponderEliminarE se não houver nada traçado para o amanhã?
O destino não existe. Em boa medida, fazemo-lo nós... O único destino certo é a morte, já prevista desde que nascemos...
Gostei do teu texto. É excepcionalmente bom. Parabéns.
Beijo, querida amiga.
"Há uma bala guardada, algures, com o meu nome gravado." Que frase forte! Talvez haja, mas quem escreve assim, consegue esquivar-se às balas!
ResponderEliminarBeijos, boa semana!
Tantas balas que guardamos para detonarmos contra nós mesmos!Quantos tiros pela culatra...!?
ResponderEliminarbeijoss
Sempre há uma bala guardada para o hoje ou amanhã.
ResponderEliminarbjs