E de repente estás só.
E de repente estou sozinha.
E de repente sou eu, parada no
centro da cidade de sempre. A sola a acariciar o chão imundo. Apago o cigarro
com a ponta do sapato.
Sinto a inércia no corpo.
Invadem-me as batidas do relógio na torre: sincronizadas, metálicas, uma lâmina
que penetra nos tímpanos e entra na corrente sanguínea.
O coração dispara debaixo do
peito cola-se nas costelas. Força-as. Obriga que se dilatem até ao possível limite
humano.
Estou no centro de mim e todos se
afastam. Vejo-os desaparecer, primeiro minúsculos pontos pretos, depois nada.
E de repente estou só.
Fotografia de Laura Alberto
há des[a]tinos que afiam os lábios antes mesmo que a palavra germine. e florescem, porque até no inverno a tinta com que mascaramos os dias acaba por secar.
ResponderEliminarbeijinho!
Laurinha,
ResponderEliminar"... e de repente estou só".
E de repente estás só.
Até mesmo na solidão há alguém que nos acompanhe, um companheiro solitário que na outra ponta.
Beijos e ótima semana!
Súbito o coração para e se olha... sozinho!
ResponderEliminarBj grande, poeta=amiga
Triste é a sensação de abandono.
ResponderEliminarEsta solidão também parece invadir quem lê.
Lindo, Laura.
bjs.
há tanto neste vazio só, pululando
ResponderEliminarbeijo
"Busco-me e não me encontro. Pertenço a horas crisântemos, nítidas em alongamentos de jarros.Deus fez da minha alma uma coisa decorativa.
ResponderEliminarNão sei que detalhes demasiadamente pomposos e escolhidos definem o feitio do meu espírito. O meu amor ao ornamental é, sem dúvida, porque sinto nele qualquer coisa de idêntico à substância da minha alma."
(Trecho 134 do Livro do Desassossego - Bernardo Soares)
Tão conveniente a lembrança deste trecho!
Beijinho,querida!
"Estou no centro de mim". Isso é grande e arrebatador! Por isso todos se afastam, afinal é o seu momento.
ResponderEliminarBjo