agora que se recolhe a luz
deste dia azedo
e o silêncio abraça o corpo desperto
agora que adormecem os cansativos
seres coloridos
e o vento é companhia única dos ossos que restam
agora que as trevas são
dedos de lã acariciando os olhos
e embalando o sonho
sinto o mármore frio invadir a pele
bebo da chuva que escorre da tua boca
abro as portas sobre o peso dos séculos:
afogam-se as lembranças presentes
o corte eficaz da lâmina na pele esquecida
o sangue que escorre secará por fim
sem que ninguém o ouça
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
Suas palavras arrasam tufões.
ResponderEliminarSão fortes, corrosivas, raras.
beijoss
Laurinha,
ResponderEliminarum tanto de coisas que parecem ter virado poeira a voar, mas ainda assim, deixando marcas no chão.
Beijinhos e ótimos dias!