deixei de me importar, de querer saber, de querer compreender.
descuidei-me nas palavras, ocultei gestos desenhados no ar viciado.
cada passada dada afasta-me de mim e sobretudo de ti. os vermes tragados trarão o veneno que procuro, as cócegas das asas no estômago, o ácido corroendo as entranhas.
deixei de me procurar ao espelho, de te ver diante de mim.
cada uma das lâminas tem o seu destino traçado, no chão o mapa programado do sangue em golfadas.
deixei-me de ser. nada.
e cada corte que em mim faço, a ti te destrói
Nine Inch Nails: Gave Up (1992)
Somos todos traídos de alguma forma. Não é preciso dois, nem três, nem mais.
ResponderEliminarUm basta.
Esse seu texto, de certa forma, humilha, ofende, agredi. Raros textos têm esse força, esse valor, essa capacidade vertiginosa de sobrepor às palavras o verdadeiro peso que elas têm.
Parabéns, Laura.
Realmente, um texto único!
Beijoss
BF
Gosto da tua escrita e queria comentar-te mais vezes. Mas escreves e publicas tanto que quase me atrevo a pensar que escreves como respiras, ou seja, a escrita está-te nos genes. Felizmente que escreves bem, assim não custa nada acompanhar o teu ritmo. :)
ResponderEliminarBeijo :)
"As lâminas e seus destinos..."
ResponderEliminarBelíssimo, querida Laura. Pungente!
Beijinho!
Inquietante, Laura!
ResponderEliminarQue seja apenas inspiração poética, que não sintas este vazio de nada ser.
beijinho
Laurinha,
ResponderEliminarnossa que lindo!
O que está dentro de nós também falece todas vez que (nos) morremos um pouco.
Beijinhos!
Olá!
ResponderEliminarQuantas vezes já me senti assim,somos parte de tantas coisas intermináveis.
Grande abraço
se cuida
Laura,
ResponderEliminargosto do que escreves embora por vezes fique preocupada. não me parece que sejas do tipo de poeta-fingidor, antes de poetas-em-catarse.
poema muito profundo e triste. mas se tens a noção de 'e cada corte que em mim faço, a ti te destrói ', é um passo que dás em frente.
beijo no <3
Belíssimo, Laura
ResponderEliminarEm quantas láminas nos deixaremos cortar?
beijos
Por vezes a mágoa abraça-nos, mas é possível reconciliarmo-nos com o espelho...
ResponderEliminarGostei deste desabafo...
Meu iPad e eu, que escrevo agredi no lugar de agride, estamos à espera de um novo post.
ResponderEliminarQuando ele vem?
Beijoss
sempre me assombro ao ver pedaços de mim em tua voz!
ResponderEliminarAssino de olhos fechados...
beijinho, Laurinha!
Gostei do blog e desse post em especial,
ResponderEliminarótima música =) Obrigado por me visitar!
Abraço