«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Manifesto XI

Estrangeiro

o que buscas no fim da estrada?
agora que a luz fosca
serve de companhia ao nevoeiro,
será que encontras o destino?

no canto da sala, um piano
que ninguém ousa tocar
no fundo do corredor, um armário
repleto de cabides vazios

o que buscas no fim de ti?
o pó que inspiras
contamina-te o peito,
será que tens coragem, estrangeiro?

4 comentários:

  1. Fim da estrada é uma expressão asfixiante. As estradas, propriamente ditas, não têm fim, nem começo. A estrada-metáfora escolhe uma direção sem retorno.
    Poema de ar irrespirável, de tão denso que é.

    Abraço, Laura.

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  2. Vim deixar-te um beijo, já que há algum tempo que não te visito, por falta de tempo e asfixia canícula...
    esperemos que o estrangeiro (todos o somos)tenha sempre um caminho para fazer e pés 9pernas9 para anda

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  3. Estrangeiro é aquele que veio de outro lugar, talvez de longe, cuja sina talvez seja mesmo peregrinar. Estrangeiros somos nós, tantas vezes, com sentimentos, emoções, pensamentos que vêm de fora. E ficam as perguntas:

    o que buscas no fim da estrada?
    será que encontras o destino?
    o que buscas no fim de ti?
    será que tens coragem, estrangeiro?

    Coragem: será?
    Beijos,
    Tânia

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  4. nunca soube bem a diferença entre o estrangeiro e o forasteiro... mas entre um e outro, talvez prefira... um terceiro: o (i)emigrante; é que tem nos pés o mapa da viagem e no coração aquilo que nunca deixará de amar.
    um abraço, amiga!

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