«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Manifesto XVII

O brinquedo do menino Joãozinho

o menino Joãozinho quer um brinquedo,
anunciado nas revistas poeirentas
do consultório do dentista,

Joãozinho, o menino, quer um avião,
para com ele voar nos ares cinzentos,
telecomandado por ele só,

tem cuidado, Joãozinho meu menino,
não enchas muito o seu depósito,
quando voar é o que não queres fazer,

tem tento, meu menino Joãozinho,
não subas bem alto no firmamento,
sabendo de antemão que daí irás cair

1 comentário:

  1. ironia q.b!!! :)
    desde o tom matriarcal das advertências, passando pelo jogo de diminutivos e metáforas, nada é inocente neste teu texto.
    um abraço, amiga!

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