observas-te no espelho frio,
carcaça despojada de entranhas,
(quero dizer, de coração)
um golpe no abdómen liberta
o cheiro nauseabundo do teu íntimo,
(quero dizer…)
mais um corte no costado,
caem as falsas asas,
(quero dizer…)
pintas um retrato no vegetal enegrecido,
esqueleto de ossos quebrados,
(quero dizer, violentados)
um toque na estrutura de aço,
fogem os vermes da podridão,
(quero dizer…)
martelo pneumático no cérebro
solta-se a cobardia,
(quero dizer…)
quero te!
ler,
na página do jornal…

Marcantonio, Melancolia 40, Técnica Mista, 154×90 cm, Rio de Janeiro, 2006
Há um poema de silêncio entremeando o outro...Sentidos invisíveis escorrendo sobre as letras: gosto disso!
ResponderEliminarAbraços,
Tânia
a densidade das emoções na fúria das palavras sempre orientadas para um referente sanguíneo. basta-lhe a mão sobre o peito para tudo desabar num castelo de areia...
ResponderEliminarum beijo, amiga!