E é chegada a minha
vez de sair de cena. A terceira pessoa ganha finalmente o seu papel de
protagonista.
Estendeu-lhe a mão
aberta, mas sem remédio, sem salvação. Primeiro sentiu a pele fria e áspera, os
ossos sem réstia de carne.
Como que à
queima-roupa, mas nunca pelas costas, jamais pelas costas, disparou-lhe a
pergunta, Tens o dinheiro? Deveria tê-lo, mas esqueceu-se onde o puseram. Sim,
decididamente deveria ter o dinheiro, outros tinham-se certificado de lho
colocar nos bolsos. Só que agora as mãos inertes não saberiam busca-lo e de
pouco lhe adiantaria a voz abafada debaixo de uns lábios extintos.
Sim, tinha
realmente as moedas e ia ficar errando pois não sabia como as encontrar.
A porta fechou-se
pesada, um baque forte, o silêncio derradeiro.
Fotografia de Pedro Polónio, http://club-silencio.blogspot.pt/