«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Luz (para o Pedro)

naquele ano as plantas acabariam por murchar,
mortas na mercê dos dias,
esquecidas nos degraus que se percorrem,

naquele ano as formigas invadiriam,
os quartos, as arrecadações, as casas,
crentes no abandono,

naquele dia tentando fechar a gaveta frigorífica,
viria a tua mão, as tuas mãos,
os teus braços, o nosso abraço,

naquele dia, do fim anunciado,
o sangue havia de voltar a correr,
até


Blue Star, Joan Miro, 1927

5 comentários:

  1. Uma forma de dialogismo perfeita entre as palavras e a imagem.

    L.B.

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  2. lauríssima, morrer é não saber renascer...
    um abraço!

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  3. Obrigada Lídia!És sempre bem vinda ao meu cantinho!
    Beijos
    Laura

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  4. Jorge, o gato tem sete vidas...
    Beijo
    Laura

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  5. forte, muito forte. meu coração ficou em pausa


    abraço

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