«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Pedradas XLVI

D. Quixote

sinto que as estações escorrem,
lá fora, do outro lado do vidro da janela,
alguém atira uma pedra e é um suspiro que morre

[que queria eu?]

os sonhos secaram, presos nas costas dos gigantes

um cavalo, uma lança, um moinho
ainda que em ruínas, ainda que miragem
um moinho emproado sobre o monte

[e que monte seria?]

anda, corre meu fiel amigo,
ao teu lado
o dia galopa no dorso de mil tempestades

[quantas batalhas?]

são histórias, estas que nos contam
alguém parte um vidro
e é o vento que foge, lesto

2 comentários:

  1. os sonhos não secam, querida amiga; hibernam, à espera da estação que melhor compreenda as suas medidas.
    beijos e moinhos-de-vento!

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  2. Esse teu Quixote sobeja de fervor,

    beijo

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