«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Cor: Verde

choveu, choveu e choveu imenso
choveu e choveu
vagas de água, fria, gelada

até que os campos não conseguiram mais
e continuou a chover
a água transbordou pelas estradas, ruas e vielas
são rios, os rios são mares, os lagos são oceanos
e os oceanos continuam oceanos

um caminho de pedras, de terra arrastada, alagada
rebentaram os muros, explodiram os peitos
fiquei à espera, numa grande pedra

Fotografia de Pedro Polónio, http://club-silencio.blogspot.com/

1 comentário:

  1. o verde é o musgo que bordeja a pedra, num caminho que, mesmo de escolhos, tem como saída o mais inefável dos horizontes. saibamos pô-lo no interior da mão.
    um abraço, laura!

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