«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

E agora o que resta de nós?

E agora o que resta de nós?
as paredes beberam o nosso silêncio
ficou marcado na cal, escureceu, apodreceu
os passos perderam-se entre tábuas, podres, ilusões prometidas

E agora o que resta de nós?
nas traves balouça a corda do enforcado,
o ar enche-se com o cheiro nauseabundo
do cadáver que somos, do corpo abandonado que fomos

E agora que resta de nós?
o ruído dos nossos passos não enche o ar
e os teus braços não riscam a escuridão do dia, da noite
e agora, o que resta de nós é nada

1 comentário:

  1. é mais fácil começar do que recomeçar. o nada é imaculado, perfeito na sua nudez. já o "alguma coisa"...
    um abraço!

    ResponderEliminar