«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Pedradas XLIV

Tosca

já não há princesas neste pedaço de terra,
nunca as houve,
ostentam as orlas dos vestidos conspurcadas
enquanto mostram falsos sorrisos de gengivas com escorbuto

respiram enxofre pálido, agitando leques de seda
gastos, esquecidos, envelhecidos
falam de montes, de prados húmidos pelas manhãs
de nuvens que lhes tocam a face e
do sol que lhes aquece o peito

já não há princesas de verdade neste quinhão,
secou a tinta nos aparos
e a historia não se pode continuar a escrever

6 comentários:

  1. adoro histórias de princesas, dragões e figurões :)
    belo texto, este, amiga.
    beijos!

    ResponderEliminar
  2. Belo, Laura... Aliás, quantas belas imagens povoam tua alma!
    beijos,

    ResponderEliminar
  3. já não há princesas? e os raptos? e os duelos? e as quimeras? tudo isso me lembro de eu antes


    beijo

    ResponderEliminar
  4. às vezes quando somem as princesas
    aparecem outros entes maravilhosos
    todos embevecidos por teus versos
    ...

    carinhoso beijo

    ResponderEliminar
  5. E a princesa não lhe adivinhou o nome...

    ResponderEliminar
  6. Belíssimo Laura!
    e o quanto gostava de ter sido uma princesa... mas foi-se com o tempo, e a tinta desbotou, nem espartilho ou vestido, apenas o cetim dos sonhos ficou...
    Beijo!

    ResponderEliminar