«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

segunda-feira, 24 de outubro de 2011


a torre do relógio caiu mas ele continua na sua função de dar as horas

perdi os dias, os meses, os anos no calendário

ninguém

uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito

toda a cidade é uma ruína que se estende dos meus pés até ao horizonte que consigo distinguir
nove, dez

ninguém

onze

passo a mão pelo ombro, todas as feridas cicatrizaram, sinto debaixo da pele a sua forma irregular

entro no café: eu deixei de fumar e tu nunca fumaste mas sei, que se te cravar um cigarro guardas um no bolso para mim

doze

FIM
(esta história, café é o primeiro conto (curto) que escrevo, está dividido em sete partes, que tenho vindo a publicar aqui no blogue, provavelemente não escolhi o melhor alinhamento para ele e quem visita o blogue pensa tratar-se de poemas soltos, contudo depois de publicado na integra recomendo a sua leitura seguida, obrigada por lerem)

1 comentário:

  1. há suspiros que se desprendem do fumo daquele cigarro que nunca fumámos. e, todavia, sabemos-lhe o cheiro, adivinhamos-lhe o gosto, desejamos-lhe o travo.

    beijo!

    ResponderEliminar