tens a manhã na janela do teu quarto:
bebes o sol que te acorda na madrugada
esticas o corpo, bebes um café
e sais
refugio-me da luz que ofusca
em passos tortos pela casa
dobro as costas, encosto os joelhos ao peito
sucumbo à companhia do frio
trazes a calma quando chegas
tens o adeus sempre que partes
e sempre voltas, sempre
eu? esvazio o pensamento
certa de que já devia ter morrido,
ou nascido no teu passado
mas pela porta escancarada
desconheces como entrar
e o se, é lâmina que corta: aos dois
«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares
Laurinha,
ResponderEliminaração e reação de sentimentos.
Uma porta aberta, mas esquecida, é quase isso. Uma triste perda do que nunca foi, ou não foi o suficiente.
Querida amiga, muito obrigada pelas felicitações em função de meu aniversário. Tanto no meu blog, como no Face!
Muitíssimo obrigada, tu és uma queridona! (e talentosa também) *-*
Grande beijo e ótima semana!
Laura,
ResponderEliminarLer-te é sempre manancial de ideias que se congregam e desagregam, desassossego dentro do sossego. É bom? É mau? É óptimo!
Beijo :)
Todos os "ses" são difíceis, especialmente os que descreves...
ResponderEliminarentre idas e vindas, a lamina afia o corte: sacia o se
ResponderEliminarbeijo
ainda estou a reparar os estragos de um Se... recente!
ResponderEliminarBelíssima expressão,poeta amiga!
Beijinho emocionado e com carinho!
Laura, queridona, o "se" é a hora da morte, quando os pensamentos suicidam-se de tantas possibilidades.
ResponderEliminarMaravilhoso esventrado! Um espelho. Vi meu rosto.
Bj imenso
Quem me dera poder (re)nascer no passado...
ResponderEliminarExcelente poema, gostei muito.
Laura, querida amiga, tem uma boa semana.
Beijo.
Não havendo o "se" como haverei de acostumar-me sem essa lâmina? Ela corta sangra renova-nos e nos distancia do presente para vermos melhor e mais claramente, talvez!?
ResponderEliminarum beijo
se corta a dois o que a sós não se cura.
ResponderEliminarbeijo!
observaçãozinha: és uma primorosa poeta.
tenho vindo aqui namorar o teu poema (já lhe perdi a conta)...mas faltam-me palavras...
ResponderEliminarbelo, sempre belo.
há sinais que se escondem na sombra dos "ses"...
Abraço, Laura!
fio breve de uma morte anunciada; dos dois lados do gume.
ResponderEliminarso-ber-bo, lauraamiga!
beijo!
fio breve de uma morte anunciada; dos dois lados do gume.
ResponderEliminarso-ber-bo, lauraamiga!
beijo!
Fica sempre o se
ResponderEliminardo encontro e desencontro. Quando vem acalma, quando vai á espera é torturante
Belo.
bjs