«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Manifesto CXXXVIII

escorrego entre os teus dedos
os peixes são lembranças coloridas em memórias desbotadas
debaixo de um céu obscuro de nuvens cinzentas,
mergulhada em escuridão silenciosa
deixo que o meu corpo desagúe a teus pés

não haverá lágrimas a escorrer pelo peito
não haverá hora marcada nos relógios
não haverá folha no calendário
não haverá palavra a rasgar a carne

fico assim, imóvel

deixa as flores que nascem para o interior da terra
e os rios que param sem retorno possível
deixa que o meu nome seque nos teus lábios

4 comentários:

  1. Não aprecio o NC, como sabes, mas desta canção até gosto.
    Mas gosto muito mais do teu poema. Foste brilhante. Parabéns.
    Bom ano, querida amiga.
    Beijo.

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  2. Laurinha, com toda certeza me tornarei fã de Nick Cave... por tua causa...rs!

    Ler-te e escutá-lo é uma combinação arrepiante...

    Beijinho, moça-poeta-do-além-mar!

    Novo blogue: http://transfiguracoes.blogspot.com/

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  3. assim exposto em astros e lábios: um nome no orbe



    beijo

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  4. tudo o que volteia para o interior acende subúrbios, mas esconde a cidade. e há tanto dela a precisar de sol para não mirrar.
    beijos e cave!

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