«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quinta-feira, 3 de março de 2011

Cor: Azul-Verde/Verde-Azul

há fundo:
serpenteando entre rochas disformes,
dedos de algas acariciam o corpo
escapam-se bolhas de ar
à procura da saída, distante, negra

a carne encolhe, dilata
e os peixes esfomeados tiram-lhe a pele,
olhos esbugalhados, enxovalhados de ar
caem,
no fundo

o veneno dilui-se entre vagas geladas


Fotografia da peça de teatro "A Beleza do Pecado" pela companhia de teatro ArtImagem
(entretanto em cena, de 3 a 13 de Março, no Teatro Sá da Bandeira, 3ª a sábados às 21.30h, domingo às 16h, a peça "A Acácia Vermelha" pela companhia de teatro ArtImagem)

1 comentário:

  1. azul e verde, escarra na parede :)
    por que razão as cores do infinito acabam, invariavelmente, por se cobrir de algas, lodo e visco? talvez porque os homens sejam daltónicos na avaliação da sua própria pequenez...
    um abraço!

    ResponderEliminar