«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Morte! Ao medo!

Mostra-te, ó medo,
Para que possa cravar um punhal no teu peito,
Rasgar o tecido muscular,
Para que de ti jorre esse sangue cobarde.

Sai da tua toca, ó medo,
Deixa-me enfrentar a tua fronha,
Cravar as unhas no teu crânio,
Povoado de inúteis pensamentos.

Levanta-te já, o medo,
Da latrina putrefacta em que habitas,
Solta o passo célere,
E permite-me esgaçar os teus tendões.

Inspira, ó medo,
Esse ar bafiento que te rodeia,
Enquanto tentas resistir
À mão que te sufoca.

Foge, foge, ó medo,
Entre os teus cursos de inércia,
Para que te possa assassinar no sonho do futuro.

3 comentários:

  1. Como a palavra pode arrancar de dentro de cada um a coragem mais recôndita e vulgarizar todos os escorpiões que nos rodeiam...
    Admirável a sua força!

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  2. como gostaria de dar vida a cada palavra lida bem alto dentro de mim, talvez afugentasse esse monstro e parasita...(desculpem-me a simplicidade das palavras)

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  3. A simplicidade das palavras faz delas verdade.
    Obrigada!

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