«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Tinta

Por fim chegava a noite.
E com ela o silêncio das palavras.
A mente era agora povoada de ínfimos
Bater de asas, de pássaro noctívagos,
Piando ao encontro das suas vitimas.

Com a corda do relógio,
Mistura-se o som de um mar qualquer.
Um mar distante, rasgando as rochas,
Esconjurando o marinheiro,
Com suas vestes escuras.

Caía a noite soturna,
Entre paredes amorfas,
Enquanto se aproximavam
Os longos passos da solidão.
Decidiu escrever, com toda a cor das palavras,
O sonho de quem quer viver.

Adormeceu no fim da noite,
Sobre borrões de tinta roxa.

1 comentário:

  1. E ao cabo de quarenta dias e quarenta noites de chuva ácida ininterrupta, o céu abriu as asas e ofereceu-nos a sua luz! Não mais os pássaros noctívagos piaram...

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